Neste tempo atribulado, com tantas preocupações, tantas convulsões sociais e políticas, tantas tarefas diárias a realizar, o caminho de conversão que somos convidados a fazer neste tempo de Quaresma passa por olhar para a Cruz.
Olhar para a Cruz é difícil. Não é uma imagem atraente, há uma expressão de demasiada dor, uma situação extrema que não nos é confortável. E por isso temos a tendência a suavizar, a retirar o Cristo, a adorná-la, a colocá-la bonita. Talvez seja uma tendência natural, humana. Afinal quem gosta de contemplar o sofrimento?
Os olhos da fé permitem olhar para a cruz de uma outra forma. Permitem-nos embarcar na contemplação da cruz sem receios. Entrar profundamente no Amor doado até às últimas consequências e então sermos capazes de enfrentar os nossos medos, as nossas fragilidades, o nosso sofrimento, porque Ele “tomou sobre si as nossas enfermidades…” (Is 53,4).
Os olhos da fé também nos dão da cruz um olhar de esperança. Porque, este Cristo crucificado é o mesmo que os discípulos de Emaús encontraram, que Tomé tocou. Porque são uma mesma realidade, uma realidade que nos transcende, que se torna presente na eucaristia e em toda a nossa entrega, por mais simples que seja.
Olhar para a cruz é poder descobrir este Amor que nos acompanha sempre. O desafio está em abandonarmo-nos a este Amor e sermos capazes de fazer a experiência que para além do sofrimento está o Cristo, paciente, que nos abraça e que suaviza o nosso caminho por muito difícil que ele seja. Não é fácil, mas Ele vai-nos dizendo que é possível.
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