Momentos

O tempo pode apagar lembranças de um rosto, de um corpo, mas jamais apagará lembranças de pessoas que souberam fazer de pequenos instantes, grandes momentos!!!

sábado, 15 de novembro de 2014

Pobreza

Saí do carro e chorei. Chorei não de tristeza, mas de emoção, ao ver passar diante dos meus olhos aquela cena de ternura e amor. aquela criança, que não tinha mais de 8 anos, na beira da estrada a dar água a uma senhora de uma certa idade, que presumi ser sua avó. Quando me aproximei, parei um pouco a olhar esta cena tão ternurenta, até que a criança se apercebeu que estava ali alguém. Olhou para mim, um tanto assustado, um tanto admirado, como quem diz: Que está aqui a fazer? precisa de alguma coisa? É proibido estarmos aqui?........
Baixei-me, perguntei se precisavam de alguma coisa, uma vez que estavam afastados da povoação, se queriam boleia, e se eram avó e neto. Então a senhora, a muito custo disse-me:-sou bisavó do Daniel. Ele não tem mais ninguém, e o estado ficou-me com a casa, porque não tive dinheiro para pagar os impostos, agora vamos para casa de uns sobrinhos meus, que tenho a certeza que não nos vão negar guarida.
Perguntei-lhes se tinham fome, ao que de imediato o menino me respondeu que sim, enquanto que a senhora ficou toda envergonhada. Então, pedi-lhes que entrassem para o carro, perguntei-lhes qual era o nome da terra para onde pretendiam ir, e seguimos viagem. Uns kms adiante, encontrámos um café, onde parámos para comermos. Fiz questão de comer com eles, para que se sentissem mais à vontade, Volto a repetir que este episódio me emocionou bastante, por vários motivos. O primeiro foi ver o amor e carinho com que o Daniel tratava a sua bisavó! Sempre com a sua mãozinha agarrada à da sua Visa, como ele lhe chamava.
Chegados a casa dos seus familiares, eles ficaram boquiabertos de os verem, e sobretudo naquela situação. Acolheram-nos de braços abertos, pois nunca pensaram ter família a passar assim necessidades. Isso sossegou-me a alma, pois eram menos duas pessoas que deixavam de dormir na rua, e de passar fome, E por ventura cuidados médicos. Só chorei, e aí, na verdade não foi de emoção, mas sim de revolta e de humilhação. Como é que o próprio estado pode pôr os seus cidadãos na rua, deixando-os sem eira nem beira......

M.C.Duque

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